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Ela é Brasileira

 

performance rural (e projeto para instalação multimídia e performática)

 

 

2012, jan.

Rio São Francisco, separando Piranhas e Angico, Alagoas e Sergipe, Brasil 

 

Em janeiro de 2012, Veruscka (Astronauta Mecanico) e Gabriel econtravam-se de férias, na casa da família deste, em Aracaju-SE. Certa noite, uma conversa permeada por memórias de infância desperta o desejo de ir em busca de paisagens conhecidas e desconhecidas. Na manhã seguinte, Astronauta, munida das lentes de seus aparelhos de reprodução de imagem e Gabriel, de um par de saltos-altos, um kit de maquiagem, uma peruca e uma cópia do vestido de Anyta Ekberg em La Dolce Vita, partem em direção à Hidrelétrica de Xingó, na fronteira entre os estados de Sergipe e Alagoas.

 

Estas foram as questões que trilharam o caminho dessa dupla até os cânions do Rio São Francisco:

 

- A ideia de nacionalidade, forte aspecto de formação identitária para um artista, parece desafiar o conceito de universalismo da arte. Em parte o que faz do artista um corpo particular,  sua nacionalidade, outrora relacionada à paisagem do país onde alguém nasce, torna-se difusa quando “todas as pessoas, coisas, signos e imagens variadas, oriundas de todas as culturas locais possíveis, principiam a abandonar seus lugares tradicionais e iniciam uma viagem ao redor do mundo.” (Boris Groys – A Cidade na Era da Sua Reprodutibilidade Turística)

 

- Se é verdade que, como afirma Hans Belting em Comtemporary Art and the Museum in the Global Age, os antigos países do terceiro mundo agora tomam a dianteira no curso dos eventos no cenário global das artes ao, simultaneamente, liberar-se da herança modernista e recusar uma identificação com o fantasma da cultura exótica relacionada às tradições étnicas, o que é ser um artista brasileiro hoje?

 

Duas instruções faziam parte do programa da performance que foi realizada em meio às comunidades ribeirinhas, nos arredores da cidade de Piranhas: o performer encarnaria o olhar incorrupto e curioso da personagem Sylvia do filme La Dolce Vita e deixar-se-ia ser literalmente enquadrado pela câmera. Astronauta captaria a paisagem ao ser direcionada por esse olhar de descobrimento e re-descobrimento.

 

Dessa curta jornada ficaram imagens e o desejo de continuar esse projeto.

Gabriel Brito Nunes é Sergipano e, depois de ter seu olhar moldado por dez anos de formação e produção artísticas em N.Y. e terras europeias, reside em São Paulo desde 2010, quando voltou a seu país de origem. Para Ela é Brasileira, vestido de Anita Ekberg no filme La Dolce Vita, ele redescobrirá as paisagens que rodeiam o lugar onde nasceu através do olhar euro-americano da personagem Sylvia.

 

Astronauta Mecanico nasceu no Maranhão e, por conta de um pai de profissão ligada à construção de usinas hidrelétricas, percorreu com a família diversas paisagens do interior brasileiro, dentre elas os arredores da Usina Hidrelétrica de Xingó, onde residiu quando adolescente. Através de suas várias lentes, em Ela é Brasileira, Astronauta projetará a curiosidade de seu olhar sobre aquela de Gabriel Brito Nunes e por onde a paisagem os guiará.

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