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f l æ s h privé

 

Performance

 

2010, nov.

Apresentada a um só espectador na casa do próprio performer, no dia 14 de novembro de 2010, São Paulo, Brasil

 

Link para Dissertação de Mestrado

 

f l æ s h privé foi apresentada uma única vez a um só espectador - o ganhador do Concurso f l æ s h (imagem abaixo), lançado como convite para a performance f l æ  s h na Galeria Vermelho, três meses antes.

O Concurso f l æ s h não só me possibilitou um acesso material do olhar do espectador como também uma documentação não-especializada, ou seja, efetuada pelos espectadores visitantes da mostra, e não, por alguém contratado para essa função. Dessa forma, retirava discretamente a importância do evento da galeria, e o deslocava para a relação entre o performer e o espectador que continua mesmo depois da conclusão da ação performática, nesse caso especificamente, através do material da documentação - enviado ao endereço eletrônico indicado e votado no meu weblog da época.

 

Abaixo, trecho de minha dissertação de Mestrado em que falo sobre a performance f l æ s h privé:

OBS.: MP são as iniciais do nome do espectador participativo da performance f l æ s h privé, o único constituinte do público, o ganhador do concurso promovido durante a performance f l æ s h, na Galeria Vermelho. Eu, o performer de f l æ s h privé, encontrava-me do outro lado da cortina e não possuía nenhuma percepção visual do que se passava na metade da sala, onde o espectador MP foi posicionado.

 

f l æ s h privé tornou-se uma leitura do olhar do espectador-ganhador sobre a performance f l æ s h que ele havia documentado em sua foto vencedora. Em outras palavras, eu o (a)present(e)ava com um feedback do próprio feedback que ele me havia (a)present(e)ado.

 

O espaço onde ocorreu a performance f l æ s h privé, a sala do apartamento onde morei desde meu estabelecimento em São Paulo, foi o mesmo que serviu de estúdio para os “ensaios” do processo que levou à performance f l æ s h na galeria. Essa sala foi a morada do couro da vaca, com seu odor específico, que se encontrava presente também durante essa performance. Usando uma cortina de pano vermelho (da mesma cor do usado durante a performance na galeria), a sala foi dividida em dois espaços distintos: uma metade destinada à recepção do público, de único espectador, e a outra, à realização da ação performática – ao menos a parte conferida ao performer.

 

Do lado do espectador (MP), de um rasgo no meio da cortina, surgia um tripé com uma câmera totalmente visível, sua lente direcionada no sentido do espectador que gravou seus movimentos e reações durante todo o evento. O visor dessa câmera encontrava-se fechado, mas o espectador possuía plena consciência de que estava sendo filmado, por conta da luz vermelha indicadora da gravação. Acima dessa câmera, havia um visor de uma segunda câmera, parcialmente escondida atrás da cortina. Através desse visor, dessa tela de aproximadamente 4x6 cm, MP pode assistir às ações produzidas pelo performer, do outro lado da cortina.

 

O áudio utilizado durante a ação performática de f l æ s h privé – além do som direto da rua e dos apartamentos vizinhos (da vida encenada, enquadrada pela janela) e das ações do performer (seus passos, respiração, movimentos) – foi extraído, e minimamente re-trabalhado, da documentação de vídeo e de áudio da performance f l æ s h na galeria. Assim como a imagem ganhadora do concurso (o olhar de MP sobre a performance da galeria) serviu de base de inspiração para a ação do performer (apresentada através do visor a MP), esse áudio mecânico era uma apropriação do tempo materializado da própria performance da galeria. Ele servia de suporte para a leitura da imagem gerada por MP e era mais uma forma de aceder a seus sentidos. Tanto em f l æ s h quanto em f l æ s h privé, a obra só existe através do contato com o espectador. E esse contato em f l æ s h privé é enfatizado por estar ausente – ao menos no que concerne ao olhar nu.

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